Mas penso ser necessário nos localizarmos no tempo, fazermos um breve histórico não apenas com respeito ao papel da sogra no contexto do casal, mas também para estabelecermos um paralelo entre a sogra de antigamente e a possível sogra do século 21.
Há que se considerar que antigamente a mulher vivia para cuidar do lar e da família - e família, no caso, incluía a família dos filhos depois de casados. De uns tempos para cá, cabe na vida das mulheres não apenas a família, como seu trabalho e seus próprios interesses.
Você já reparou que a sogra da mulher é diferente da sogra do marido? Frequentemente a sogra do marido é atenciosa com ele, faz comidinhas especiais para o genro, "amansa" a filha, pede paciência com o genro numa discussão entre o casal. Mas a sogra da mulher muitas vezes tem na nora uma rival com quem disputa atenção e território. Por mais gentil que seja a nora, ela - a sogra - sempre acha que faria melhor por seu filho.
Para melhor tratarmos o assunto, vamos dividir o tema entre "sogra negativa" e "sogra positiva".
Sogra Negativa
A Sogra Negativa é aquela que tem a si mesma como exemplo de "boa esposa" e boa mãe, a que sabe tudo sobre o filho e sobre arrumação da casa - do filho - e sobre como educar os netos.
Veja se você se enquadra nesse tipo de sogra:
- sogra folgada: aquela que chega à casa do filho (ou filha) e age como se estivesse na própria residência. Invade a cozinha, começa a arrumação, a lavar a louça, guardar as roupas e a varrer a casa.
- sogra invasiva: aquela que abre os armários, "sugere" outra marca de produto de limpeza ou quer saber a razão do filho/filha estar com "essa cara", quer saber sobre a vida particular do casal e sempre tem uma solução/crítica para dar.
- sogra super vaidosa: a que está sempre arrumadíssima e perfumada, numa clara disputa entre quem é a mais bonita (ou bem cuidada) da casa. Isso vale tanto para a nora quanto para a própria filha. Existe sempre um comentário a respeito do cabelo ressecado, da pele sem viço ou das roupas simples da nora ou da filha.
- sogra "coitadinha de mim": a que vive doente e/ou solitária, sempre reclamando atenção, fazendo chantagem emocional, roubando o tempo do casal (porque no fundo se sente roubada do filho/filha).
- sogra desagregadora: aquela que se torna cúmplice da nora, que fala mal e que só aponta as características negativas do filho/filha, insuflando o genro ou nora contra seu par numa tentativa muitas vezes inconsciente de mostrar ao filho que só ela o ama, apesar dos defeitos.
Nunca é tarde para reconhecer os próprios excessos e mudar a dinâmica das relações entre você e a família de seus filhos. Nem sempre as pessoas próximas conseguem lhe apontar os seus próprios equívocos (defeitos) nessas relações, seja por receio de magoar seja para evitar uma briga, mas é possível que você faça uma reflexão e que comece a tomar conta de você mesma, passando a ser uma "sogra positiva".
Sogra Positiva
Veja se você é esse tipo de sogra - e se não for, como pode se tornar uma:
- sogra resolvida: a ativa, que ainda trabalha ou, mesmo aposentada (ou dona de casa convicta) não deixou de se movimentar pela vida, é interessada em manter-se "plugada" no mundo, não desistiu das amigas, tem um hobby - tanto faz se é pintando algumas telas ou se dedicando a cuidar de animais.
- sogra divertida: aquela bem humorada, que transita despretensiosamente pela casa do filho/filha, não se envolvendo nas questões particulares do casal. Normalmente a "sogra divertida" é uma avó querida, cujos netos lamentam quando ela vai embora.
- sogra "na dela": é recolhida, não se envolve mas está sempre pronta a atender quando solicitada. Telefona demonstrando interesse pelo bem estar do casal e como forma de mostrar-se disponível.
- sogra amiga: aquela super jovem de espírito que tem na nora não apenas uma "filha" mas uma amiga de fato. Trocam experiências mas não fazem "fofoca" a respeito do filho/marido. Na verdade desenvolvem um relacionamento exclusivo de amizade que facilita o trânsito como sogra na vida do casal.
O importante é sempre pautar as relações sogra/filhos/nora/genro no respeito ao espaço, às escolhas e à pessoa que o outro é. Muitas vezes para garantir proximidade e acolhimento é preciso se afastar um pouco e, fundamentalmente, ter a si mesmo como personagem principal da própria vida, e não os filhos crescidos, casados e donos de suas vidas.
Ser sogra é uma tremenda oportunidade para refletir a respeito do que estamos fazendo com nossas próprias vidas, além de ser também uma oportunidade para observarmos de que forma nos fazemos presentes na vida do outro: com agressividade ou com delicadeza.
A sogra de antigamente - a das piadas -, pode dar lugar à sogra do século 21, antenada, despretensiosa, respeitosa, discreta e gentil. Afinal... imagina-se que todas querem o bem de seus filhos!
Mas... e a "nora negativa" e a "nora positiva"? Isso fica para um próximo artigo.
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